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Análise | Tiny Tina's Wonderlands

Tiny Tina's Wonderlands é um caso que mostrou pra mim que não se deve levar as críticas como sua própria opinião, e que o melhor a se f...

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Tiny Tina's Wonderlands é um caso que mostrou pra mim que não se deve levar as críticas como sua própria opinião, e que o melhor a se fazer é jogar um título para saber se vai gostar ou não - isso inclui as análises feitas por mim. E foi o que aconteceu aqui. Esse foi um jogo que eu deixei de jogar por ter sido massacrado nas análises, tanto que ele se encontra atualmente com as análises "Neutras" no Steam.

Mas, graças ao Humble Choice, que é uma assinatura mensal do famoso site Humble Bundle, pude jogar esse título que se passa no mesmo universo de Borderlands, e perceber que este é um jogo que eu não deveria ter ignorado.

Origem em Borderlands


Algo importante de se destacar é que Tiny Tina's Wonderlands nasceu de uma DLC de Borderlands 2, chamada Tiny Tina's Assault on Dragon Keep, onde a personagem Tina, que é uma das mais icônicas e carismáticas da franquia, te mestra em um RPG de mesa, chamado Bunkers & Badasses (paródia de Dungeons & Dragons), em uma aventura que dura cerca de 4 a 5 horas, onde os personagens jogáveis eram os do primeiro jogo da franquia.

E, pra quem nunca jogou, resumindo rapidamente, Borderlands é uma franquia de tiro em primeira pessoa, onde o foco é lootear itens - os famosos looters-shooters. É aquele tipo de jogo que você está constantemente pegando armas dos mais variados tipos e raridades, e sempre melhorando o seu personagem em cima disso, criando os mais diversos tipos de build. Borderlands se estabeleceu como uma das franquias mais queridas do mercado, e não só pela sua jogabilidade e mecânica de loot, mas também por seus personagens extremamente carismáticos, e uma história que sempre se desenrola de maneiras hilárias, que, pra quem não tá acostumado, pode parecer clichê ou até genéricas, mas que encaixa bem com o tom que o jogo quer passar.

Costumeiramente, é uma franquia que recebe um número considerável de DLCs, e no caso da Assault on Dragon Keep, apesar de algumas reclamações, como cenários escuros, e loot não tão bom, a DLC até que teve uma recepção positiva, principalmente pelo fato da personagem Tina ser muito carismática, e "carregar" essa aventura nas costas. E apesar de ser uma aventura a parte, com outro personagem, o seu progresso na DLC é mantido e somado ao seu progresso principal, se tornando um bom incentivo para os jogadores buscarem os melhores loots que possam conseguir - afinal, é um looter-shooter.

Mas em 2021, a Gearbox teve uma ideia, que talvez tenha julgado genial, que não agradou muito os fãs - lançar essa DLC como um jogo standalone, ou seja, como um conteúdo que não precisa do Borderlands 2 para funcionar, deixando, assim, de ser uma DLC, e se tornando um jogo individual.

E isso não foi ao acaso, na verdade foi uma forma de preparar o terreno para o lançamento de seu próximo jogo, este que está sendo analisado, no ano seguinte, 2022, pois dessa forma o jogador não precisaria comprar um jogo, depois uma DLC, pra assim poder conhecer a personagem Tiny Tina. E pra farmar mais dinheiro também, claro.

Como esperado, isso não agradou os fãs, porque basicamente foi um recorte de um conteúdo, custando quase R$60, mas perdendo o grande atrativo da DLC, que é ser uma extensão da aventura principal, onde você mantém seu progresso para a campanha principal.

Piorando ainda mais a situação, a intenção de atingir um público novo também falhou miseravelmente, porque quem nunca jogou Borderlands, não entendeu muito bem tom do jogo, achando a experiência extremamente frustrante e genérica, aliado ao fato de que, como o jogo standalone é só um "recorte" de uma DLC de outro jogo, acaba se perdendo todo contexto, história e o mais importante - quem são os personagens do jogo. É como se lançassem um único episódio de uma série como um filme no cinema.

Não deu muito certo, mas vamos insistir...


A Gearbox sempre esteve rodeada de polêmicas e decisões questionáveis, e não estou falando do suposto desvio de dinheiro que a SEGA forneceu para desenvolverem um jogo do Alien, que foi aplicado em Borderlands 2, mas sim decisão arriscada de aproveitar uma DLC que, apesar de interessante e diferente, não teve uma recepção unanime, em um jogo completo.

Acabou que o lançamento foi basicamente um "deu certo mas nem tanto". Muitas análises massacraram o jogo, dizendo que é um spin-off inferior a Borderlands, e que não contribui nada com o universo principal do jogo, além de que, mais uma vez, quem carrega a história nas costas é a Tiny Tina que é extremamente carismática, porque os dois personagens que estão na mesa, e o nosso próprio personagem, são todos entediantes. Vale destacar que dessa vez não escolhemos um personagem já estabelecido para jogar, como acontece em Borderlands, aqui nós criamos um próprio, totalmente customizável - até demais.

Além do personagem que podemos criar, temos um calhamaço de classes para escolher, e isso foi bem elogiado pela crítica, uma vez que as classes são muito interessantes, cada um com sua individualidade

Mas o que eu achei?

Até agora, deu a entender que o jogo não é lá essas coisas, ou até mesmo que é ruim, e não valhe investir tempo. Foi o que eu pensei lendo todas essas opiniões e críticas - achava que o jogo era totalmente quebrado, mal feito, e injogável - mas eu estava completamente errado.

Não quero dizer que o jogo não é inferior a Borderlands em muitos aspectos, isso de fato é, mas o seu foco é diferente - é um spin-off, não uma sequência da franquia.

Eu me encantei com esse jogo, talvez porque estava com as expectativas totalmente zeradas, mas acabei me surpreendendo positivamente, até porque a fórmula Borderlands funciona muito bem e é divertida, tanto é que é o grande aspecto que me manteve preso no jogo. E eu não consigo parar de jogar!

Apesar do começo um pouco lento, com um tutorial com muito diálogo, como já é de praxe na franquia, o jogo acaba se desenrolando bem depois do prólogo, onde você explora o mapa de uma maneira diferente de Borderlands.

O "mapa-mundo" segue os padrões dos JRPGs, onde nosso personagem encolhe, e caminhamos por vales e florestas, com cidades representadas por miniaturas, que, ao interagir com elas, somos teleportados e voltamos ao "tamanho normal".

Ou seja, os calabouços, cavernas, cidades, castelos, campos, enfim, os cenários que jogamos de fato, não são interconectados por um teleporte, e sim são peças individuais no mapa instanciados, onde devemos escolher onde ir e se aventurar, com uma seleção de fase.

O ponto negativo é que, caso você atravesse, por exemplo, uma caverna, para chegar do outro lado, mas depois queira voltar, você terá que passar mais uma vez por essa caverna. A não ser que use o teleporte, ou encontre algum atalho pelo mapa, que são tampinhas de refrigerante que você dá um soco para derruba-las, e desbloquear novas passagens.

Tem muita coisa interessante no mapa visualmente falando, como um rio de refrigerante, saindo de uma latinha, salgadinhos espalhados pelo mapa, dentre outros detalhes que dão vida ao que seria a mesa da aventura.

E queria destacar uma das primeiras cidades que encontramos no jogo, logo após o tutorial, que me lembrou muito Niflheim de Ragnarok Online. Achei dislumbrante a vista, e, sem dúvidas, é um dos cenários mais bonitos do jogo.

Além disso, acontecem encontros aleatórios de inimigos pelo mapa, em lugares com grama alta, assim como acontece em jogos como Pokémon. No caso de Tiny Tina's Wonderlands, ao sermos surpreendidos por um desses inimigos, somos teleportados para um mapa pequeno, onde devemos fazer a limpa em todos que te atacam para poder finalizar o encontro, e ganhar uma recompensa no final.

Existe uma variedade absurda de armas, além da novidade de termos agora armas corpo-a-corpo. E cada uma tem sua peculiaridade e estilo de uso, vale muito a pena experimentar todas para ver qual você mais gosta, e não ficar preso a uma arma que seja mais "convencional".

Foi difícil escolher uma classe, pois todas me pareceram muito interessantes, mas acabei jogando com a "Invoca-pragas", que é uma classe com foco em veneno, que invoca um totem/torre para te ajudar, além de invocar uma tempestade sobre os inimigos, além claro da skill passiva que tem "stack" de veneno. Gosto muito de personagens que lidam com danos elementais, e que tem "stack" de dano, como acontecia com a Gaige no Borderlands 2.

Isso sem contar com as magias e habilidades de cada personagem, além de um slot dedicado a uma habilidade especial, que você pode lootear durante sua aventura, diversificando ainda mais suas opções durante o combate.

E uma dica que eu dou para você escolher sua classe, não só nesse jogo, mas em qualquer outro RPG, é escolher aquela que você mais gostou. Não veja guias de quais classes dão o maior número de dano possível, ou qualquer coisa do tipo. Jogue com o que você achar interessante, porque é muito chato você ficar atrelado a um personagem que você não gosta da mecânica e da jogabilidade só porque ele tem uma build forte, que virá a dar muito dano no fim do jogo.

Caso você for jogar com um amigo, talvez seja interessante vocês combinarem classes, caso queiram uma melhor harmonia na jogatina, mas ainda assim, acredito que seja melhor focar em jogar com aquilo que você gostou.

Me surpreendeu, mas não deixa de ter seus problemas


Apesar de ter amado o jogo, devo reconhecer que ele tem alguns problemas que devem ser levados em consideração, principalmente caso você esteja lendo esta análise para ter uma ideia se deve comprar ou não.

A história do jogo é realmente fraca, e diria até que desinteressante de um modo geral. Como já disse anteriormente, a franquia Borderlands não leva sua história muito a sério, e o clichê, misturado com o genérico, é uma receita que o torna único. Mas aqui acaba sendo um pouco exagerado.

Na história do jogo, estamos presos em uma caverna por conta de um “acidente”, e não tem nada pra fazer. Então, Tiny Tina decide mestrar um RPG para seus amigos Valentine, um galã genérico e narcisista, Frette, um robô camarada sem sal, e o personagem que criamos, que pode ser homem, mulher, ou até mesmo não ter um gênero especificado.

O jogo não se leva a sério de forma alguma, e de fato um dos poucos personagens interessantes é a própria Tina. Confesso que, no começo da aventura, me dediquei a ouvir os diálogos e entender o que se passava, mas depois de algumas horas acabei desistindo, e deixando o diálogo rolar de fundo - que não são poucos, os personagens são muito tagarelas - sem compromisso em entender a história. E confesso que não me fez falta, porque eu nunca me importei muito com a história nessa franquia, o atrativo para mim é a jogabilidade e as mecânicas de looting.

Mas os problemas não param ai. O jogo tem um delay render que não é discreto, e chega a incomodar. Joguei no PC, com um SSD NVMe que tem a leitura de 5.500 MB/s, mesmo que este tipo de dispositivo de armazenamento não esteja elencado como requisito mínimo - pelo contrário, o jogo roda até mesmo em HDs mais antigos. E, ainda assim, presenciei atraso na renderização de texturas que iam de 5 até mesmo escabrosos 10 segundos. Isso é inadimissível pra qualquer jogo, independentemente do escopo, mas ainda mais em um jogo que, apesar de muito bonito no seu próprio estilo, não é um gráfico de última geração e ultra realista, que requer muito processamento.

Apesar de ter achado interessante a forma diferente como o mapa é apresentado, devo dizer que fiquei muito incomodado com a grande quantidade de muros invisíveis que impedem você de atravessar um cenário. Eu entendo que deva existir limites, e que o mapa não foi feito com a intenção de ser totalmente explorado, e sim de ser algo mais contido, porém os limites estabelecidos muitas vezes não são naturais. As vezes um tronco de árvore que você acha que pode pular, pra poder olhar melhor o cenário, você não vai conseguir atravessar, mesmo que o pulo do nosso personagem seja extremamente alto.

No começo, o loot te deixa maravilhado, não pela raridade dos itens, mas sim pela variedade e opções diferentes que aparecem na sua frente, mas com o tempo, principalmente após chegar no end game, apesar da sorte de drop escalar diferentemente de Borderlands, sendo que aqui ele escala conforme você progride no jogo, você vai acabar percebendfo que o loot que você encontra pelos mapas não é tão interessante para fazer as builds mais fortes, e que a chance de drop, apesar de ser alta, só pode ser de fato aumentada com itens que você encontra apenas nas Chaos Chambers, permitindo que você, então, suba o level cap da sua sorte de 40.000 para 90.000, permitindo, só assim, que você pegue os melhores itens possíveis. E isso acaba sendo um pouco entediante no final das contas.

Muitos dos conteúdos interessantes estão nas DLCs, o que pode ser um problema, uma vez que o jogo por si só já é muito caro, e as DLCs seguem o mesmo padrão de preço, fazendo com que a versão completa, a Chaotic Great Edition, que contém todo conteúdo lançado pro jogo, custe cerca de R$400 no PC, e por volta de R$450 nos consoles. Se pretende jogar o jogo, pegue em uma promoção - que, inclusive, no momento que escrevo esta análise, está vigente um desconto de 67%. Por esse valor, até que vale a pena, mas se está receoso, espere por uma porcentagem mais generosa no futuro.

Valeu a tentativa


Acredito que esse jogo não terá uma sequência, e talvez seja pouco provável que a Gearbox queira se aventurar novamente, lançando um grande spin-off a sua franquia principal e mina de ouro. É uma pena, porque os problemas aqui poderiam muito ser corrigidos e aprimorados em uma possível sequência. Nem tudo era uma maravilha em Borderlands também, mas como era uma nova IP, tudo foi estabelecido por lá, e o que veio depois foi sendo aprimorado (apesar de não ter gostado de "The Pre-Sequel").

Acontece que Tiny Tina acabou sendo prejudicado pelo sucesso da franquia de que é derivada, ofuscando um pouco as qualidades que o jogo tem, apesar dos problemas que comentei.

No fim das contas, o saldo foi positivo pra mim, porque, apesar de ser muito fã da franquia Borderlands, e achar a franquia principal melhor em alguns aspectos do que este spin-off, eu adorei jogar algo com mecânicas e jogabilidades parecidas, foi como dirigir um carro de outra pessoa, que tem suas particularidades, diferenças, e até mesmo uma cor que talvez não goste, mas no fim, acaba cumprindo o objetivo, que é de me levar pra algum lugar. E eu gostei dessa aventura.

Se você nunca jogou nada da Gearbox, e pular direto para o Tiny Tina's Wonderlands, talvez você tenha um pouco de estranheza, mas estará beneficiado pelo fato de não ter um grau de comparação por nunca ter jogado os jogos da franquia principal, e talvez goste até mais do jogo do que um fã tenha gostado. Ou não, talvez você odeie e nunca mais jogue nenhum outro jogo dela, ignorando uma franquia extraordinária como Borderlands.

De certo, qualquer que seja a sua situação, eu recomendo ao menos testar o jogo para ver se é para você, seja você fã ou novato. Talvez este seja o seu próximo amor, que está te esperando de braços abertos para te acolher.

7
PONTOS POSITIVOS:
+ Jogabilidade muito boa
+ Cenários bonitos e interessantes de explorar
+ Variedade grande de armas e equipamentos
+ Várias classes diferentes
PONTOS NEGATIVOS:
- Longos delays de renderização de textura
- História desinteressante
- Muros invisíveis que atrapalham a exploração
- Lootear no endgame é entediante

Quer saber como as análises são feitas? Explicamos tudo nessa página :)

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